Médicos da rede debatem consequências do excesso de pedidos de exames em pacientes assintomáticos


5 de agosto de 2019

Foto: Claudivino Antunes

Dando sequência ao ciclo de palestras que fazem parte das políticas de promoção e de valorização dos profissionais da área da Saúde do município, a Prefeitura de Aparecida promoveu na última sexta-feira (2) a palestra “Check Up: Como e Quando Realizar”, que aconteceu no auditório do Hospital Municipal de Aparecida (HMAP). O evento atualizou os profissionais da rede com dados sobre como a ciência tem tratado a relação entre a insegurança de pacientes assintomáticos, com o excesso de zelo dos profissionais ao pedir exames supostamente desnecessários e as consequências dos chamados falsos positivos e dos diagnósticos em cadeia, derivados do elevado índice de falhas na indústria de exames que ocorre em todo o mundo, apesar dos rápidos avanços científicos da área.

Ao todo cerca de cem médicos participaram da palestra, ministrada por Valter Rezende, Médico da Família e Comunidade, com residência na Universidade de São Paulo (USP), mestre em Ensino na Saúde (UFG) e doutor em Ciências da Saúde (UFG). “A palestra propiciou aos profissionais que atuam na rede uma atualização às práticas mais recentes das principais associações de medicina do mundo, que se baseiam em pesquisas altamente especializadas. São pesquisas que levam em consideração a saúde dos pacientes e as consequências e riscos do excesso de exames cientificamente desnecessários” – pontua o superintendente de Atenção à Saúde do município, Gustavo Amoury.

“São inúmeros os casos de exames imprecisos porque as máquinas, no final, necessitam de um olhar humano para sintetizar o resultado daquele exame, e o ser humano poder falhar, por diversos motivos. Todo paciente conhece casos de falhas assim e, nós, profissionais, muito mais. São pouquíssimos os exames que não necessitam do olhar final do homem, que são totalmente digitais. Portanto estão sujeitos a incongruências. Essas imprecisões acarretam em uma série de prejuízos, de diversas ordens. Um chamado “falso positivo”, por exemplo, pode desencadear uma série de outros exames que oneram não apenas ao poder público mas também ao próprio paciente, que no mínimo acaba tendo o seu psicológico abalado. Isso quando não se expõe a outras doenças em decorrência deste excesso de exames” – explica o médico generalista Sérgio Machado.

O palestrante Valter Rezende fala para a plateia de médicos da rede municipal sobre os problemas do excesso de exames em pacientes assintomáticos

Para ele é de grande importância estar sempre atualizado sempre sobre este debate. “A medicina muda muito rapidamente e precisamos sempre nos basear em informações fidedignas, no que a ciência diz.” – explica. “É preciso deixar claro que este debate se passa apenas a respeito do universo de atendimentos de pacientes assintomáticos. Porque, logicamente, nos casos onde a pessoa apresenta sinais em que a ciência indica a predisposição para aquela ou aquela determinada doença, todos os exames necessários, independente da complexidade, devem ser encaminhados pelos médicos. Caso contrário isso poderia se configurar negligência. No entanto, há que se deixar claro que exames desnecessários, para pacientes assintomáticos, apenas para tirar dúvidas infundadas de pacientes inseguros, podem trazer muito mais problemas a ele e isso deve ser evitado” – completa o coordenador médico da Atenção Básica, Murillo Moraes.

Valter Rezende explica que em alguns casos o médico deve ser peremptório e negar o pedido de exame que ele sabe ser cientificamente desnecessário. “Em outros casos o médico pode apenas explicar os prós e os contras de se fazer tal exame mas deixar a escolha a cargo do próprio paciente” – completa. “Como a indústria de diagnósticos infelizmente ainda apresenta muitas falhas e isso acaba gerando uma sequência de outros exames, estamos alinhando nossos profissionais às tendências mais modernas da medicina mundial no que diz respeito ao tema. De um lado existe um paciente ansioso que se baseia em algum tipo de crendice popular e de outro um profissional que muitas vezes, com receio de mais à frente ser taxado de negligente, acaba exigindo exames que são, não apenas cientificamente desnecessários, como até mesmo nocivos. Isso é ruim para todos” – afirma Murillo.

“Eu acho que acrescenta bastante para nós que estamos estagiando e visando futuramente uma profissão. Eu vou formar daqui um ano e acho que essas informações acrescentam muito. Saber como lidar em cada faixa etária, saber quais exames pedir. Esse tipo de curso é muito construtivo para o meu currículo, para a minha formação profissional” – conta a estudante residente Amanda Gomes.

Texto: Frederico Noleto

Fonte: Camila Godoy




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