Dados sobre mortalidade no trânsito norteiam soluções para diminuição da mortalidade no município


23 de setembro de 2019

Foto: Arquivo

Texto: Frederico Noleto

A Prefeitura de Aparecida tem um compromisso na criação de soluções para a diminuição da mortalidade no trânsito do município. Por isso foi implantado em julho deste ano o Comitê Intersetorial de Gestão de Dados de Morbimortalidade por Acidentes de Trânsito de Aparecida. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e o objetivo inicial é reunir os principais dados de acidentes de trânsito na cidade e por meio de ações de vigilância tanto de óbitos quanto de acidentes, identificar fatores de risco e os principais pontos de ocorrência de acidentes para implantar ações prioritárias de redução de acidentalidade e da mortabilidade no município. Essas ações foram tiveram destaque durante o 6° Fórum Goiano de Mobilidade Urbana e Trânsito: cidade para pessoas e do 6° Seminário de Saúde Pública e Trânsito, que aconteceu na última quinta-feira (19) em Goiânia.

O resultado dessa pesquisa deu origem a um trabalho que foi apresentado como comunicação oral pela coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Luzia dos Santos Oliveira. Ela explica que para reunir todos os dados resolveu-se criar um padrão de notificação que ajudasse a traçar o perfil das vítimas atendidas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do município. Os dados analisam idade, sexo, perfil da vítima (condutor, passageiro, pedestre, ciclista), tipo de veículo (carro, motocicleta, caminhão, ônibus, bicicleta) e também o bairro e o endereço do acidente. “Os acidentes de trânsito (AT) são um fenômeno que vem impactando a sociedade e havia uma dificuldade em mensurar a real magnitude desses eventos pois os dados sobre as vítimas encontravam-se dispersos em diversos sistemas de informação. A criação do Comitê promove um mapeamento e o cruzamento de todos esses dados para a formulação de políticas públicas que promovam a diminuição do número de vítimas” – explica a coordenadora.

O projeto teve início em junho de 2018, inicialmente implantado apenas na UPA Flamboyant e depois, em julho de 2019, foi estendido às outras duas UPAs. Entre junho de 2018 e maio de 2019 foram notificados 126 casos envolvendo vítimas de acidentes de trânsito. Desde julho de 2019, quando iniciou-se a compilação de dados nas três unidades, foram registrados 506 vítimas de acidentes de trânsito. Desse total, 36% estava classificado na faixa etária entre 20 e 29 anos, 65% eram do sexo masculino, 82% deles eram condutores e 11% passageiros, em 82% dos casos o veículo utilizado foi motocicleta e 9% automóvel. Daiane Caparroz, técnica responsável pelo comitê, explica que a UPA Brasicon notificou 209 casos (41%), a UPA Buriti Sereno 244 (48%) e a UPA Flamboyant 53 notificações (10%).

“Os bairros com maior frequência foram Setor Santa Luzia (31), Setor Serra Dourada (12), Jardim Bela Vista (11) e os bairros d     a região do Garavelo (10). As vias com maior frequência foram Avenida Independência (12), Rodovia BR-153 (11), Avenida Bela Vista (7), Avenida São Paulo (6) e Anel Viário (5). Cerca de 26% dos bairros e 20% das vias ficaram com o campo em branco e/ou não informado. Aproximadamente 14% das vítimas acidentaram em bairros pertencentes a Goiânia. Conclusão: Com dados significativos, faz-se necessário o fortalecimento das notificações e qualificação dos dados. O monitoramento das vítimas dos acidentes de trânsito atendidas nas UPAS, permite vislumbrar a magnitude dos acidentes no município, bem como identificar bairros e vias com maior frequência, podendo subsidiar ações e planejamento para intensificação do trabalho intersetorial nesses locais” – completa Daiane.

Nesta segunda-feira (23) será realizado pela Prefeitura de Aparecida um passeio ciclístico em comemoração à Semana Nacional de Trânsito. A aglomeração e largada será na porta do Aparecida Shopping, na Avenida Independência, setor Serra Dourada III, a partir das 18h30. Os participantes vão percorrer nos 14 quilômetros de ciclofaixas, implantadas no município recentemente, com destino a Avenida Tropical, no setor Jardim Tropical. A expectativa é que 250 ciclistas participem da ação. A Semana Nacional de Trânsito deu início com uma caminhada, na última quarta-feira, 18, que reuniu centenas de pessoas e com blitz educativa nos dias 19 e 20 em pontos definidos estrategicamente. A programação segue hoje (23) com o passeio ciclístico e encerra nesta quarta-feira, 25, com mais uma blitz educativa, na Avenida Igualdade, na área do antigo Cais do setor Garavelo, às 8h.

PERFIL DOS ACIDENTES DE TRANSPORTE RELACIONADOS AO TRABALHO,

Os acidentes de transporte têm alto custo social e grande impacto na saúde, sociedade e economia. Acidente de trabalho grave relacionado ao trânsito é aquele que ocorre no percurso de ida ou volta ao trabalho ou durante o exercício do mesmo quando o trabalhador estiver realizando atividades relacionadas à sua função, ou a serviço do empregador ou representando os interesses do mesmo, envolvendo um meio de locomoção, transporte e/ou via. Objetivo: Descrever o perfil das vítimas de acidentes de transporte terrestre relacionados ao trabalho (ATTRT), no período de janeiro de 2015 a julho de 2019, residentes em Aparecida de Goiânia.

Método: Estudo descritivo das vítimas de ATTRT, notificados como acidentes graves, cuja causa do acidente correspondeu aos códigos V01 a V89 conforme Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão (CID10), inseridas no Sistema de Agravos e Notificação Compulsória (SINAN). As variáveis analisadas foram: sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade, ocupação, situação no mercado de trabalho, hora do acidente, tipo de acidente, parte do corpo atingida, regime de tratamento, emissão da comunicação de acidente de trabalho (CAT) e evolução do caso. Resultados: Foram notificados 1458 acidentes graves, destes 40% (587) foram relacionados ao trânsito. Predominaram o sexo masculino com 80% (420), e 78% (456) concentraram-se na faixa etária de 20 a 49 anos, 64% eram pardos, e 94% evoluíram com incapacidade temporária, com destaque a três óbitos no período estudado. Em 91% dos acidentes as vítimas tiveram tratamento hospitalar.

No que diz respeito aos horários dos acidentes, 26% ocorreram entre as 17 e 19 horas, e 22% entre as 6 e 7 horas da manhã. A maioria foi classificada como acidentes de trajeto (84%), e as partes do corpo atingidas foram membro inferior (33%), cabeça (18%) e membro superior (17%) respectivamente. Em 20% dos casos houve a emissão da CAT, em contraponto com 61%. No que diz respeito à situação no mercado de trabalho, 49% das vítimas eram empregados registrados e 35% autônomos. A maioria eram condutores e a motocicleta foi o meio de locomoção mais utilizado no momento do acidente (84%). Conclusão: Com vistas à promoção da atenção integral à saúde do trabalhador, e a redução da morbimortalidade, é necessário que haja o aprimoramento da vigilância e notificação dos ATTRT, uma vez que os números demonstraram ser relevantes. Entre as vítimas, predominaram motociclistas, jovens em idade produtiva e do sexo masculino.

Os acidentes de transporte tem sido destaque para saúde pública, e configuram-se como a oitava causa de morte no mundo. Os pedestres abrangem, em algum momento, todos os usuários do sistema de trânsito e, é considerado o grupo mais vulnerável em caso de colisões, devido a maior exposição e por não possuírem nenhum dispositivo de proteção. Objetivo: Descrever o perfil de óbitos dos acidentes de trânsito envolvendo pedestres, no município de Aparecida de Goiânia- Goiás, no período de 2010 a 2018. Método: Estudo descritivo conforme os dados de mortalidade do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) local. As variáveis analisadas corresponderam a: categoria CID-10, códigos V01-V89 com ênfase no código de pedestre (V01-V09), município de ocorrência, faixa etária, sexo, estado civil, raça/cor, local de ocorrência.

As variáveis foram inseridas em planilha eletrônica, calculadas taxa de mortalidade proporcional, médias e frequências. Resultados: No período estudado, ocorreram 1163 óbitos por ATT de residentes no município de Aparecida de Goiânia destes, 20% (219) foram óbitos de pedestres e 22% (257) não estavam especificados. A média de óbitos de pedestre foi de 24,3 óbitos por ano, com destaque para o ano de 2013 com 36 óbitos e queda progressiva nos anos posteriores chegando a 13 óbitos em 2018. Foi constatado que todos os óbitos que ocorreram nas vias do município (94) eram de residentes do mesmo, e 53% (114) ocorreram em Goiânia.

Houve em média de 14 óbitos na faixa etária de 30 a 79 anos. Cerca de 65% eram do sexo masculino, 40% solteiros e 23% casados, 58% pardos, 60% foram a óbito em hospital e 32% em via pública. Conclusão: Embora os óbitos de pedestres venham apresentando queda ao longo dos anos, os números são significativos, visto que estes óbitos são evitáveis. Homens, adultos e idosos, solteiros, pardos são os grupos mais vulneráveis. Faz-se necessário promover maior segurança dos pedestres nas vias da capital e região metropolitana.

Fonte: Camila Godoy




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