HMAP realiza primeira cirurgia de captação de órgãos para transplante de Aparecida

Aparecida realizou na tarde desta quarta-feira (25) mais um feito histórico na área da Saúde. Uma equipe de cirurgiões, liderada pelo dr. Leonardo Toledo, efetuou, dentro do Centro Cirúrgico do Hospital Municipal de Aparecida (HMAP), a primeira cirurgia de captação de órgãos para transplante das redes pública e particular da cidade de Aparecida. A ação foi coordenada por uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de Goiás e de São Paulo, que contou com a colaboração da família de um paciente acometido por morte encefálica, foi responsável pela intervenção, que durou cerca de 2h.

A cirurgia extraiu fígado e dois rins, que possibilitaram aumento significativo da qualidade de vida a pacientes, que aguardaram no topo da fila nacional de transplantes dos respectivos órgãos. Trabalho que envolveu esforço e profissionalismo de primeiro mundo e foi resultado da cooperação logística de diversas equipes. Desde a Central de Transplantes, das equipes de Regulação, psicólogos, assistentes sociais, motoristas e até as equipes das companhias aéreas, que também foram capacitados. Dezenas de pessoas, empenhadas para que a operação tivesse êxito.

Assim que foi comunicada pela equipe médica da unidade a respeito do óbito da paciente, que tinha 46 anos de idade, a família recebeu todo o aparato de acolhimento por parte da equipe multiprofissional do hospital e durante a entrevista protocolar se mostraram favoráveis à doação dos órgãos. O filho, responsável pela autorização, confessou ter se motivado pelo nobre desejo, de oportunizar o prolongamento da vida de outras pessoas. “Onde quer que ela esteja, estará feliz por poder ajudar pessoas que sofrem” – conta o filho da paciente, cujo óbito possibilitou a realização do feito.

Com isso, a rede municipal de Saúde de Aparecida passa a fazer parte do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que atua dentro do âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), que possui o maior sistema público de transplantes do planeta. Ao todo no Brasil são realizados dezenas de milhares de transplantes todos os anos, graças aos esforços coordenados de dezenas de equipes multidisciplinares espalhadas por todo o país e que agora ganha a adesão das equipes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida, que adquiriram mais um know how de qualidade internacional.

As etapas
O processo é conduzido pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), que atua em parceria com a Organização de Procura de Órgãos, no âmbito estadual (OPO-HUGO). A equipe do HMAP comemora o resultado. “Esse tipo de esforço, acaba transformando a dor da perda de uma família em esperança de dias melhores e de uma vida saudável para diversas pessoas e seus respectivos familiares” – revela a gerente de Urgências do Hospital Municipal de Aparecida (HMAP), Mara Jardim.

O procedimento só é possível quando realizado em pacientes que vêm a óbito por morte encefálica. E na terça-feira (19) a direção do HMAP notificou a OPO-HUGO a respeito da abertura de protocolo da modalidade de óbito de uma paciente do sexo feminino, de 46 anos, que havia dado entrada no hospital no dia 14 de janeiro deste ano com diagnóstico de acidente vascular encefálico isquêmico. A partir daí todas as etapas para diagnóstico de morte encefálica foram acompanhadas pela CIHDOTT. Nesta etapa, é realizado um exame de compatibilidade e o Cadastro Nacional de Transplante, que  seleciona os receptores.

A equipe cirúrgica veio de São Paulo em um esquema logístico realizado em parceria com o Ministério da Saúde e as companhias aéreas, que transportam os órgãos e as equipes com prioridade de voo. “Desta vez foram duas pessoas que saíram da fila de transplante e poderão viver com muito mais qualidade”. Ela conta que nem sempre é possível a realização da cirurgia de captação. “Para cada órgão há um tempo limite para a realização do procedimento cirúrgico. Os rins, por exemplo, podem esperar até 36h. Já o coração, apenas 4h. Na verdade, quanto mais rápido melhor. E agora nossa equipe do HMAP tem a imensa satisfação de poder fazer parte deste sistema, que salva tantas vidas”.

Katiuscia Freitas, que é gerente de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde, esclarece que assim que houve a confirmação da morte encefálica, que aconteceu às 15h19 do mesmo dia, a equipe médica já comunicou a família a respeito do óbito e a partir daí iniciou-se o trabalho de acolhida pela equipe multiprofissional do hospital. O esforço em conjunto, oportunizou o consentimento da doação dos órgãos por parte dos familiares. Desta maneira, foram ofertados os rins e fígado da paciente, que seguiram juntamente com a equipe cirúrgica em voo comercial para São Paulo, onde aguardam os pacientes que receberão a cirurgia de transplante.

Fonte: Frederico Noleto